Capítulo 30 Ajude Aqueles Que Ainda Estão Presos Na Armadilha

Os usuários de pornografia estão entrando em pânico ultimamente por perceberem mudanças na forma como a pornografia online é vista por homens e mulheres. O fato de que a pornografia digital é viciante está sendo estudada cada vez mais, sendo concebida até mesmo como algo diferente da pornografia tradicional. A facilidade de acesso e disponibilidade chama uma atenção negativa para a pornografia até mesmo diante dos olhos daqueles que a apoiam. Eles percebem que a sua luta política por liberdade de expressão e de pensamento está sendo prejudicada por diversos elementos. O “Velho Oeste” que é a Internet torna quase impossível impor restrições de idade ao acesso desse tipo de conteúdo. É uma pena que isso não vai acabar nem não tão cedo, mas centenas de milhares de usuários estão parando, e a maioria dos viciados estão cientes dos estudos que demonstram semelhanças entre pornografia e vício em substâncias. Cada vez que um usuário abandona esse navio que está se afundando, os que continuam nele se sentem cada vez piores.

Cada usuário sabe instintivamente que é ridículo se autossabotar dessa forma e passar o tempo desse jeito diante de pixels bidimensionais, provocando curtos-circuitos em seus cérebros e no processo desenvolvendo ligações neurais que garantem uma performance sexual desagradável. Se você ainda não pensa que esse tipo de atitude é estúpido, tente falar com uma revista pornô no meio da sua cidade e pergunte a si mesmo qual é a diferença. Apenas uma: você não tem acesso a nenhuma forma de calor e intimidade desse jeito. Se você é capaz de parar de comprar bebidas alcoólicas e cigarros toda vez que vai ao mercado você definitivamente pode parar de visitar seu harém online. Usuários não conseguem encontrar motivos racionais para assistir pornografia, mas eles não se sentem tão mal se outras pessoas o estiverem fazendo também.

Os usuários mentem na cara dura sobre esse hábito deles, não apenas para pesquisadores e os que estão em volta deles, mas também para si mesmos. Eles precisam disso, essa lavagem cerebral é essencial para que eles consigam manter algum grau de respeito por si mesmos. Eles sentem a necessidade de justificar o ‘hábito’ deles não apenas para eles mesmos mas também para não-usuários. Eles estão eternamente comunicando aos outros a respeito das vantagens ilusórias da pornografia através de formas mais sutis.

Se um usuário para por meio do método da força de vontade eles continuarão sentindo-se privados, e tenderão a se lamentarem mais por causa disso. Tudo o que isso faz é convencer outros usuários de que eles devem continuar usando. Se o ex-usuário é bem-sucedido em se livrar do vício, então ele se sente grato por não ter mais que continuar se autossabotando ou desperdiçando energia à toa. Eles não precisam mais continuar criando justificativas para si mesmos. Lembre-se: é o medo que mantém a mente do usuário na areia, e eles só questionam a respeito do seu comportamento quando eles param de usar. Ajude o usuário por meio da remoção desses medos. Diga a eles o quão maravilhoso é não ter que viver a vida dentro de uma prisão; quão maravilhoso é acordar de manhã sentindo-se bem e saudável em vez de desprovido de energia e cheio de pesares; quão maravilhoso é ver-se livre da escravidão, ser capaz de aproveitar o resto da sua vida, livre das sombras negras no fundo da sua mente. Ou melhor ainda, faça-os ler este livro.

É essencial não criticar um usuário casado, insinuando que eles estão deliberadamente arruinando seu relacionamento ou que isso é uma forma de traição ou que é de alguma forma impuro. Há um certo erro de compreensão, bastante comum, que afirma que o ex-usuário age de forma pior nesse contexto, que eles tratam mal os usuários de pornografia. Essa ideia tem certa substância, mas geralmente ela se dá devido ao método da força de vontade. Já que o ex-usuário – apesar de já ter se desfeito do vício – ainda retém uma certa parcela da lavagem cerebral e ainda acredita que está fazendo um sacrifício, ele se sente vulnerável e seu mecanismo de defesa natural é atacar o usuário de pornografia.

Isso pode dar um estímulo para o ego do ex-usuário, mas não ajuda em nada o usuário. Tudo o que isso faz é mantê-lo em sua situação atual, fazendo com que ele se sinta ainda pior e, consequentemente, aumenta ainda mais a sua percepção de precisar ainda mais de pornografia. Apesar da mudança na atitude dos médicos ser a razão principal pela qual muitos usuários estão largando a pornografia, isso não torna o processo nem um pouco mais fácil. Na verdade, isso o torna até mesmo consideravelmente mais difícil. A maior parte dos usuários acredita estar parando estritamente por razões de saúde. Isso não é totalmente verdade.

Apesar de os enormes riscos para a saúde serem obviamente a maior motivação para largar a pornografia, os usuários têm sabotado sua virilidade por anos e isso não fez a menor diferença. A razão principal pelas quais usuários estão parando é porque a sociedade está começando a ver o pornô ser desmascarado e perceber o que ele realmente é: um vício numa droga. O prazer tirado dele sempre foi uma ilusão. Essa atitude remove a ilusão então o usuário não fica com nada. Muitos parceiros e parceiras fariam perguntas se te vissem usando o notebook no meio da madrugada.

O completo banimento da pornografia em alguns países ou a falta de acesso à Internet são clássicos exemplos do dilema do usuário viajante. Geralmente eles adotam a atitude de que isso os ajudará diminuir sua assiduidade no consumo. O resultado é que, em vez de abster-se por um dia ou dois (algo de que ele não gosta nem um pouco), eles acabam se abstendo por uma semana inteira. Durante esse período de abstinência forçada, entretanto, não apenas eles se sentirão mentalmente privados pela espera por sua recompensa, como seu corpo também ansiará pelo uso. Quão preciosa não seria aquela visita ao harém quando finalmente tiver acesso a ele!

Abstinências forçadas não diminuem a frequência do uso porque o usuário apenas se permite maior indulgência quando eles finalmente se veem capazes de estar sozinhos. Tudo o que isso faz é incutir na mente do usuário quão precioso o pornô virtual é e quão dependentes ele é dessa pornografia. Os aspectos mais problemáticos dessa abstinência forçada é seu efeito sobre os adolescentes. Nós permitimos que aqueles que se apropriam da luta pela “liberdade de expressão”, os produtores de pornografia, atraiam adolescentes para torná-los dependentes. Então, durante o período que é provavelmente o mais estressante de suas vidas, quando em suas mentes iludidas eles acreditam precisar tanto da pornografia, nós os chantageamos para que parem de usar pornografia por causa do mal que estão fazendo a si mesmos.

Muitos são incapazes de fazer isso e se veem forçados a sofrer de um complexo de culpa pelo resto de suas vidas, sem que isso seja obra de suas ações. Muitos são bem-sucedidos e ficam felizes em parar de usar, pensando, “está bom. Eu vou fazer isso agora e quando acabar eu vou estar curado, de qualquer forma.” E então vem a dor e o medo de trabalhar e outras dificuldades que vêm com a vida adulta, seguidas do maior ‘ponto alto’ de suas vidas – arrumar um emprego. A dor e medo agora foram eliminados. Eles se sentem seguros, mas o velho mecanismo de gatilhos volta a agir. Parte da lavagem cerebral ainda está lá e antes de o cheiro de novo do notebook do trabalho se desfazer, o usuário já está navegando pelo seu harém online favorito. A euforia da ocasião distancia sua mente dos sentimentos terríveis provocados pela pornografia. Eles não têm a menor intenção de se viciarem mais uma vez, mas só uma olhadinha não poderia fazer mal… Tarde demais! Eles já estão viciados de novo.

A velha fissura do pequeno monstro tornará a agir novamente e mesmo que eles não se sintam viciados já na primeira vez, a depressão que sucede o uso provavelmente os afetará consideravelmente. É estranho que apesar de viciados em heroína serem criminosos segundo a lei, a resposta da sociedade é ajudar esses indivíduos. Vamos adotar a mesma atitude perante o pobre usuário de pornografia. Eles não estão fazendo isso porque eles querem, mas porque eles acham que precisam. Diferentemente do usuário de heroína, eles normalmente têm que sofrer anos e anos de tortura física e mental. Nós sempre dizemos que uma morte rápida é melhor do que uma lenta, então não inveje o usuário de pornografia. Ele merece a sua pena.