Capítulo 31 Conselhos a não-usuários
31.1 Faça com que seus amigos que são viciados leiam esse livro.
Em primeiro lugar, estude os conteúdos deste livro e tente se colocar no lugar do usuário. Não os force a ler esse livro dizendo-lhes que estão acabando com suas próprias saúdes ou que estão brincando com fogo. Eles sabem disso até melhor que você. Os usuários não continuam a ver pornô porque gostam ou porque querem – isto é só o que eles dizem para os outros e para eles próprios, na tentativa de conservar algum respeito por si mesmos. Eles só continuam é por dependerem da pornografia, por pensarem que ela os relaxa, que os proporciona coragem, sensação de segurança, de prazer ou de apoio, e porque eles pensam que a vida jamais será satisfatória sem sexo – ao menos suas versões de “sexo”. Tentar forçar o usuário a parar fará com que eles se vejam como animais que foram encurralados numa armadilha, desejarão o harém ainda mais. Isso pode fazer deles secretos usuários de pornografia. Pode fazer com que ela se torne mais preciosa em suas mentes.
Em vez disso, concentre-se noutro lado da moeda. Ponha-os na companhia de outros ex-usuários (de blogs, fóruns, your-brain-on-porn, NOFAP etc.). Veja se consegue fazê-los contar a este usuário como também eles pensavam que haviam sido fisgados de uma vez, mas que, agora, suas vidas são melhores como não usuários. Uma vez que o tenha feito crer que podem parar, suas mentes começarão a se abrir. Aí, então, comece a explicar como é a ilusão criada por síndrome de abstinência. Que não só as suas ‘descargas de dopamina’ não os estão dando ganho algum, como também estão destruindo a sua ousadia para com a vida e tornando-os irritadiços e fatigados.
E agora eles devem estar prontos para ler esse livro por conta própria – esperando páginas e páginas de histórias de males sexuais, impotência etc. etc. Explique-os que a abordagem é totalmente diferente disso, que referências a doenças, enfermidades, são apenas pequenas partes do conteúdo total.
Enfim, não deixe que esse livro caia no esquecimento. Fale dele para os seus amigos, só não haja de forma estranha. Se você tentar “vencer a conversa” ou debater de alguma forma você só irá aliená-los e fazer com que sintam ainda mais medo.
31.2 ‘Devo contar ao meu parceiro’?
Devo contar à minha esposa, à minha namorada ou parceira sobre meu hábito? A intenção pode ser a de que isso te ajude a parar. Há muitas questões em jogo aqui.
Se você há tempos estava falhando em parar usando o método da força de vontade e já contou ao seu parceiro, conte-os, agora, sobre sua nova abordagem e faça que entendam do que se trata, oferecendo o livro. Eles poderão te motivar e dar assistência durante os períodos de abstinência, isso pode te dar fornecer grande estabilidade quando o pequeno monstro vier tentá-lo.
Se você acaba de tomar consciência da existência dessa armadilha que é a pornografia e nunca tentou, no passado, livrar-se dela, use o Método Fácil em você mesmo primeiro. Como explicado anteriormente: essa deverá ser uma boa experiência. Mas, caso encontre alguma dificuldade, solicite ajuda. Seja franco e até ‘vulnerável’ com seu par, e isso fortalecerá sua relação.
Mas desde que esteja apreciando escapar da armadilha, que não esteja achando difícil, não há muito motivo para fazer com que eles saibam. Se não foi problema no passado, deixe o assunto morrer. Assim sendo, prepare-se. Eles talvez queiram saber o que faz você estar se sentindo tão bem, com uma aparência melhor, e até com uma melhor performance!
31.3 Meu parceiro está largando a pornografia.
A pornografia é uma perversa destruidora de relacionamentos e, mesmo o ato de parar sendo, em si mesmo, algo instantâneo, o restabelecimento leva certo tempo. Muitos usuários, devido a fatores irracionais criados pelo vício, descontam a raiva em seus parceiros e entes queridos. Essas atitudes manifestam-se num comportamento manipulador, falso, problemático. Não são todos usuários que fazem isso, mas isso é algo bastante comum nos últimos estágio da “doença”. E, sendo essas atitudes possivelmente subjacentes ao vício em pornografia, é importante entender isso e, se esse tipo de coisa acontecer, considere consultar um terapeuta especializado em dependências sexuais.
Se seu parceiro estiver no período de abstinência, presuma que ele esteja sofrendo, quer estejam mesmo ou não. Não tente minimizar dizendo a eles que é ‘fácil de parar’. Eles mesmos podem fazer isso, por conta própria. Em vez disso, continue encorajando-os, dizendo que sentem orgulho por eles estarem fazendo isso; fale sobre o quão melhores aparentam estar, como a convivência com eles tornou-se mais agradável, como as coisas estão melhores, em geral. Sobretudo é importante continuar com isso. Quando o usuário inicia uma tentativa de parar, a euforia que sente por estarem fazendo isso e os enaltecimentos que recebem de seus pares pode ajudá-los no processo. Contudo, eles tendem a se esquecerem depressa, então continue elogiando.
E só porque eles não estão falando sobre pornografia você pode pensar que já se esqueceram disso e que preferem que você não os faça lembrar. Normalmente o caso é o completo oposto com o do método da força de vontade, no qual o ex usuário tende a se tornar um obcecado com o assunto. Não tenha medo de trazer o assunto à tona, e continue a encorajá-lo. Eles lhe dirão caso não queiram ser relembrados.
Tenha outras formas de alívio, outras fontes de prazer nesse período de abstinência; outros jeitos de fazer suas vidas mais agradáveis e interessantes. Esse também pode ser um período complicado até para quem nunca foi um usuário. Se um membro do grupo se irrita ele pode fazer com todos se sintam mal. Então esteja preparado para isso. Se o usuário estiver irritado ele pode tentar descontar em você. Mas, se isso acontecer, não revide. É nessa hora que eles mais precisam de sua ajuda. E, se você também estiver se irritando, o que é compreensível, tente não demonstrar.
Uma das artimanhas que o viciado joga, quando está tentando parar usando o método da força de vontade, é ficar de mal humor, esperando que seus pares, ou amigos, digam: “não dá pra aguentar te ver sofrendo assim. Pelo amor de Deus, tome logo esse seu veneno”. O usuário, então, não fará cara feia, pois não está ‘cedendo’, mas apenas seguindo uma “instrução”. Se o ex usuário estiver jogando esse joguete, não encoraje que ele tenha uma recaída. Em vez disso, diga: “se é isso o que a pornografia faz com você, ainda bem que logo, logo você vai estar livre disso. É ótimo que você tem a coragem de se esforçar para acabar com isso.”
Lembre-se, há duas partes se recuperando nessa jornada. Quando seu parceiro estiver largando a pornografia, é importante que você tenha a sua própria rede de apoio, rotinas em que se possa manter intimidade consigo mesmo e outras coisas. Esse processo não é do dia para a noite. Ele requer confiança, comunicação, responsabilidade. Escrever um diário, anotar, desenvolver habilidades – e, mais importante, terapia – são coisas que ajudam nesse processo.
31.4 Deslizes (recaídas)
A existência desta seção deve servir como aviso para aqueles que saem da armadilha. Eu pessoalmente nunca recaí, mas usarei experiências da comunidade e da terapia cognitivo-comportamental para ilustrar.
Primeiro que chamar assim é contraproducente; tudo o que acontece é que você escorregou e alimentou o pequeno monstro que, em troca, acorda o grande monstro: a lavagem cerebral. Usuários que “escorregam” (que é algo que serve como uma experiência de aprendizado) tipicamente adotam toda uma série de crenças irracionais:
- “Eu nunca serei livre” - Catastrofização
- “Tenho que estudar/que me exercitar e ser produtivo todo santo dia da minha vida” - Excesso de ‘deverias’
- “Hoje fiz eu assisti pornografia e me masturbei, então qual é o resultado desses livros que eu li, desses fóruns? Minha meta era nem ao menos me masturbar, mas aqui estou eu, um fracassado, tendo recaídas” - Baixa tolerância para com frustrações
- “Meus amigos/pessoas de fóruns onlines/outras pessoas estão há (x) dias sem masturbação nem pornografia, mas eu não consigo, eu sou um caso perdido. Ontem foi bom: eu estudei, fui produtivo! Mas hoje não. Eu estou piorando.” - Comparação de si mesmo com os outros
- “Não posso ter pensamentos sexuais” - Eles próprios, parentes ou a sociedade estabeleceram crenças rígidas demais em relação ao sexo. Pergunte a si mesmo se essa autoflagelação está funcionando para alcançar seus objetivos e, se estiver, indague-se: você está gostando do processo?
Fatores que culminam na lavagem cerebral de cada usuário são, ao que parece, infinitos. Você conhece a si melhor do que ninguém, e tem falhado em seguir as instruções. Você viu algum valor na pornografia, mas de que forma?
O que é frequentemente ignorado é que leva tempo para reverter a lavagem cerebral. Isso não dificulta as coisas, só que quase todas as indústrias manipulam as pessoas através do sexo, e combater a lavagem cerebral é um processo consciente (ao menos no início), então talvez leve um tempo para solidificar bem as lições contidas neste livro. Por isso, lê-lo múltiplas vezes é recomendado (você até pode avançar direto para os capítulos em que estiver tendo complicação), e isso não deve demorar.
Uma experiência surpreendentemente comum entre os usuários religiosos que estão escapando da armadilha é esperar que doa um pouquinho mais, como se isso fosse uma forma de reparação. Acham o processo fácil demais, então se sentem culpados por estarem achando isso. Mas, por que se autossabotar e tornar as coisas mais difícil para si mesmo? O pequeno monstro é muito malandro nesse quesito.
Liberte-se do pequeno monstro: ele é foi inserido pela indústria pornográfica tempos atrás. Imagine um valentão tendo um ataque de fúria no pátio da escola – o que você faria? Se você ceder, você só o reforçará. Os que deslizam acabam reforçando o valentão, aumentando, assim, a lavagem cerebral, só que, mesmo assim, sua concepção geral a respeito da armadilha da pornografia não mudou: levante-se, descubra onde você errou, e aproveite a liberdade!
Você não é sua fissura. A meditação da atenção plena é a prática de perceber o pensamento, e há lições fundamentais sobre a natureza da mente a serem encontradas nessa prática. É altamente recomendável que você medite em geral, e isso também é algo totalmente compatível com a prática religiosa. Você não pode lutar consigo mesmo ou com o monstrinho. Você tem que amar incondicionalmente a si mesmo e o processo.
Mas remova o fracasso de sua mente. Aqui está uma seção de “Meditations of a Porn Addict”, de Gulliaco (link na seção de recursos ao fim do livro):
Já que assistir pornografia não oferece nenhum benefício, que é algo que só te machuca, e é extremamente ridículo querer fazer algo assim, eu comparo isso com o ato de beber água sanitária. Aqui está:
A difícil jornada de não beber água sanitária.
Olá! Nós somos a NoBleach e hospedamos desafios de reinicialização em que os participantes (“Bleachstronauts”) se abstém de beber água sanitária por um período. Quer seu objetivo seja a participação casual em um desafio mensal com o propósito de testar seu autocontrole, ou se o consumo excessivo de água sanitária se tornou um problema em sua vida e você deseja parar por um longo período, você encontrará, aqui, uma comunidade de apoio e de muitos recursos.
- “Às vezes eu me permito beber um ou outro copo de água sanitária. Eu sei que ”uma gotinha” é uma mentira que conto para mim mesmo, mas não acho que um único copo vai doer. Não dá para destruir todas as horas que passei sem fazer isso.”
- “Eu não tenho problemas para parar de beber água sanitária, mas às vezes eu desço a rua e vejo alguém bebendo água, você sabe… em um copo, e imagino que o copo tem água sanitária! Então eu sinto um desejo e, depois de debater comigo mesmo se eu deveria fazer isso ou não, eu recaio durante à noite, e bebo um copo.”
- “Olha, o meu problema é que às vezes, quando estou sozinha na cozinha, eu que começo a olhar para os copos. Às vezes me tento, obro o recipiente onde guardo a água sanitária…, às vezes sinto o cheiro e… Bom, acabo de volta onde comecei. Estou tão desesperado para parar com isso, mas não tenho certeza se algum dia serei capaz de parar.*”
- “Deixar de beber água sanitária é impossível. Quer dizer, eu tenho uma boca, sacou? Como é que eu vou parar se eu tenho uma garganta que sempre me lembra de que eu posso engolir alvejante?”
- “Nossa, estava indo tão bem. 19 dias inteiros sem fazer isso! O importante é aprender com o fracasso! Agora sei o que evitar: olhar para produtos de limpeza no supermercado. Vou tentar fazer isso por um mês! Vou zerar, meu contador. Deseje-me sorte!”
Se você tiver um desejo, acalme-se, cara! Lembre-se do que o hackbook diz:
“A ”Água Sanitária” é difícil de se largar por causa do medo de estarmos sendo privados de nosso prazer ou da nossa muleta. O medo de que certas situações agradáveis nunca mais sejam as mesmas novamente. O medo de não conseguir enfrentar situações estressantes. Em outras palavras, são os efeitos da lavagem cerebral que nos iludem e nos faz acreditar que comprar água sanitária, e por extensão bebê-la, é uma obrigação para todos os seres humanos. Além disso, é a crença de que precisamos de algo inerente ao alvejante acessível e que, quando pararmos de usar, estaremos negando a nós mesmos e criando um vazio. Que isso fique bem claro na sua mente: a água sanitária não preenche um vazio, ele cria um!”
E eu digo: “Suponha que você seja forçado a assistir a um copo cheio de água sanitária por cinco minutos. Tente se lembrar de uma daquelas marcas ou cheiros de que você tanto gostou. Talvez seja acompanhado por algum som, ou você lembra de alguns detalhes específicos. A água sanitária está aí e você não pode fechar os olhos ou virar a cabeça, porque esse alvejante está na sua mente, é uma memória gravada em você.
Você sente algum desejo? Você sente alguma coisa na língua ou alguma alteração na respiração? Quais são seus sentimentos sobre o que você está se lembrando? Identifique-os. O alvejante quer obscurecê-los, confundi-los e fazer com que você só preste atenção no que quer te pegar.”
Com o que foi dito acima, eu não estou tentando descartar seus sentimentos, muito menos dizer algo como “haha, eu sou esperto e você é burro”, mas sim te dar uma perspectiva para que você perceba como é ridiculamente fácil (e sempre será) superar esse vício. Assistir pornografia não é como um botão liga/desliga onde você diz “bem, estou na situação X, então vou assistir pornografia.” Besteira! Mentira! Com que frequência você se permite beber um copo de água sanitária? Nunca? Por que isso? Porque é uma coisa horrível, ora! É por isso. Como você vai sair do vício se não percebe que se masturbar para pornografia é uma coisa horrível de se fazer a si mesmo?
31.5 E quanto à masturbação e o orgasmo?
As pessoas se masturbam por décadas sem problemas. Para ser bem claro: é a pornografia que é o problema.
Dito isto, você ainda pode se viciar em masturbação e orgasmo pelas mesmas razões que pornografia, como a mentalidade de que ‘é necessário ter um orgasmo’, a busca por estímulos cada vez mais intensos, o ato de forçar-se a fazer sexo, e simplesmente a busca por prazer hedonista.
É extremamente provável que a pornografia e a masturbação se tornem profundamente entrelaçadas em sua mente. Muitos usuários descobrem que acabam tendo recaídas como resultado de se masturbar pensando em fantasias induzidas pela pornografia. Conforme seu cérebro se reprograma, você descobrirá que essa lavagem cerebral eventualmente desaparecerá, mas é melhor fazer uma pausa da masturbação (e o subsequente orgasmo) por um tempo.
Essa não é uma instrução, mas considere-a. Os benefícios relatados na prática da retenção de sêmen são numerosos: maior foco e energia, remoção da sensação de “névoa mental” e maior confiança, junto a uma série de outros benefícios. Na minha experiência, há uma diferença clara, e tudo se resume a como você transmuta essa energia aumentada.
Especulando e sem conhecimento científico estrito, os benefícios podem resultar de alguns fatores diferentes.
Após o orgasmo, o cérebro libera prolactina, que inibe a liberação da dopamina.
Privar o seu cérebro de descargas da dopamina permite que você aproveite melhor as fontes naturais de dopamina do dia a dia.
O sêmen é reabsorvido pela corrente sanguínea após cerca de 78 dias, e é um dos melhores nutrientes que seu corpo pode obter.
A transmutação de energia sexual em hábitos positivos traz consigo uma camada extra de produtividade.
Você pode querer fazer sexo sem orgasmo, que, como mencionado anteriormente, é uma experiência sexual maravilhosa. Você pode fortalecer sua capacidade de fazer isso praticando exercícios Kegel. Na minha experiência, a maneira mais fácil e eficaz de descobrir qual é o músculo que se deve exercitar nestes exercícios está é interromper o jato de urina enquanto estiver urinando. A separação das partes sensoriais e propagativas do sexo é um dos muitos bônus de escapar da armadilha da Pornografia.
31.6 Desvios dos conselhos padrão
Esta seção é nova e foi escrita com um pouco de apreensão. Apesar disso, ela deve ser mencionada.
Algumas pessoas que usam o Método Fácil acham que seu desejo de assistir pornografia se torna tão reduzido que não eles conseguem ter uma sessão final. Isso é bom, mas não subestime o poder da última sessão. Navegar conscientemente e solidificar o quanto você desgosta da pornografia pode ser extremamente poderoso. Pessoalmente acho muito útil e fiquei feliz em lavar minhas mãos. Honestamente me senti realmente aliviado por nunca ter que fazer isso de novo. No entanto, isso pode ser diferente para você.
Se você já está livre da armadilha por um tempo e acabou de remover a lavagem cerebral, não há necessidade de alimentar o pequeno monstro, pois isso irá apenas lhe importunar. Aproveite a liberdade em vez disso!
31.7 Ajude a terminar este escândalo
O pornô é um dos perigos de uma sociedade livre, parasitando nos bons esforços das liberdades pessoais. Certamente a base da civilização – a razão pela qual a espécie humana avançou até agora – é porque somos capazes de comunicar nosso conhecimento e nossas experiências, não apenas uns aos outros, mas para as futuras gerações. Até mesmo os animais acham necessário advertir seus filhos das armadilhas da vida.
Produtores de pornografia não estão fazem o que fazem de boa-fé, munidos da crença genuína de que estão ajudando a humanidade, especialmente agora que o vício em pornografia está sendo amplamente estudado. Talvez nas etapas iniciais as pessoas acreditassem genuinamente que a pornografia as educava a respeito da intimidade, mas os pesquisadores sabem que isso é uma falácia. Veja qualquer site de vídeos hoje em dia: eles não fazem reivindicações sobre o potencial educativo da pornografia. As únicas reivindicações que são feitas são a respeito do choque, da novidade e das qualidades crescentes de suas mercadorias.
A hipocrisia é incrível. Como uma sociedade nós falamos sobre o bullying na escola e sobre a objetificação do corpo humano. Comparado com a pornografia, esses problemas são meras espinhas e cravos, com o número de viciados subindo a novas alturas a cada ano, gastando tempo de qualidade com pessoas imaginárias e pixels ilusórios à custa de sua saúde, virilidade, energia e tempo. De longe o maior assassino nos relacionamentos, com centenas de milhares de vidas sendo arruinadas todos os anos por causa desse vício. Produtores não anunciam em locais mainstream – eles não precisam. Nossos impulsos biológicos nos levam aos limiares de seus haréns bem abastecidos, dando amostras grátis como seu traficante local. Hoje em dia, os sites de vídeos não só estocam mercadoria, como eles incentivam os visitantes a postarem conteúdo.
Como são espertas as empresas pornôs ao mostrarem avisos de “+18” como forma de impedir o consumo por parte de usuários menores de idade. Alguns sites nem se dão o trabalho de fazer isso. A pornografia afeta todos em todas as idades. “Nós te avisamos sobre o perigo. A escolha é sua.” Essa é a atitude deles. Eles tomam alguma medida para verificar a idade? Não, isso desencorajaria seus clientes. Claro, se a verificação de idade fosse legislada, elas encontrariam outros países para operar, ou então eles pagariam alguma ‘elite’ para escrever sobre como a proibição resulta em contrabando e a criação da máfia. Convenientemente deixada de lado é o fato de que revogar a proibição não resultou na redução de vítimas relacionadas ao álcool, assim como houve falhas na aplicação da lei para controlar o crescimento das máfias de bebidas ilegais.
Podemos abordar isso de forma diferente através da educação da geração mais jovem. Se eles podem passar por cigarros e álcool ao fazer compras, eles podem fazer o mesmo com o pornô. Já estamos vendo mudanças na sociedade, como o “No Nut November” (movimento da internet que se propõe a divulgar os efeitos nocivos da pornografia e promover que as pessoas parem de usar pornografia por um mês inteiro, novembro) e a popularização dos memes “coomer”. O usuário não tem mais escolha do que o viciado em heroína. Os usuários não decidem ficar viciados, eles são atraídos por uma sutil armadilha. Se eles tivessem escolha, os únicos usuários amanhã de manhã seriam adolescentes, apenas começando acreditando que eles poderiam parar a qualquer momento, se quisessem.
Qual a razão desses padrões fajutos? Por que os viciados em heroína são vistos como criminosos, mas podem se registrar como viciados e obter metadona e tratamento médico adequado para serem auxiliados a largar? Tente se registrar como um viciado em pornô. Se você for ao seu médico procurando ajuda, ele vai te dizer: “pare de fazer tanto; tente moderar”, que é algo que você já sabe que não funciona, ou então vai prescrever uma medicação para tratar sua “depressão”. Pior é o conselho para ir atrás de parceiros reais. Sério? Eles por acaso sabem que os usuários acham que o pornô é até melhor do que sexo de verdade e fazem isso escondidos do parceiro? Algumas pessoas simplesmente não entendem.
Campanhas para assustar não ajudam os usuários a pararem. Elas só tornam tudo mais difícil. Tudo o que elas fazem é amedrontar os usuários, o que os faz querer assistir ainda mais. Elas também impedem que os adolescentes se tornem viciados. Adolescentes sabem que pornô acaba com a libido, mas também sabem que só uma espiada não fará isso. Já que o vício é tão prevalente, mais cedo ou mais tarde o adolescente – seja através de pressões sociais ou curiosidade – fará uma visitinha. Devido ao fato de a pornografia gratuita ter clipes tão horríveis, é provável que eles se tornem viciados.
Por que permitimos que esse escândalo continue? Por que os governos não fazem campanhas adequadas? Por que não devemos dizer que aquele pornô é um veneno assassino e uma droga, que não nos relaxa nem nos dá confiança, mas que destrói nossos nervos, sendo necessário apenas uma espiada para que nos tornemos viciados? Por que eles não podem impor uma verificação de idade, solicitando cartões de crédito registrados? A máquina do tempo de H. G. Well descreve um incidente no futuro distante, onde um homem cai em um rio. Seus companheiros apenas se sentam ao redor do banco, como gado, alheio aos gritos de desespero. Desumano e perturbador, muito parecido com a apatia geral da sociedade para a crise pornô.
Há sinais de mudança na sociedade. Uma bola de neve começou a rolar pela colina e espero que este livro ajude a transformá-la em uma avalanche. Você também pode ajudar espalhando a mensagem.
Por exemplo: se você vir alguém lutando usando a força de vontade, ou tentando deixar de usar pornografia, indique-os este método. No entanto, a tarefa real em questão está em mudar a narrativa sobre a pornografia em geral. Por favor, considere cultivar o hábito de que se você vir alguém online ou na realidade promovendo normalização da pornografia, tente respeitosamente educá-los e liberá-los.
Ocasionalmente, você pode obter uma reação negativa, mas às vezes um comentário é tudo o que é necessário. Como muitos fizeram antes de você, você pode esperar receber mensagens de pessoas gratas agradecendo por sua liberdade.
31.8 Aviso final
Agora você pode aproveitar o resto da sua vida como um feliz não-usuário. Para garantir que você se torne um, você precisa seguir estas simples instruções:
Mantenha o próximo capítulo em seus favoritos e consulte-o sempre que precisar.
Se você começar a invejar outro usuário, perceba que eles é que tem motivos para sentir inveja de você. Você não está sendo privado. Eles estão.
Lembre-se de que você não gosta de ser um usuário. É por isso que você parou. Você gosta é de não ser um usuário.
Lembre-se: não existe essa coisa de “só uma olhadinha”.
Nunca duvide da sua decisão de nunca assistir pornografia novamente. Você sabe que é a correta.
Se você tiver alguma dificuldade, encontre e entre em contato com um terapeuta que entenda respeito de vício em pornografia. Você pode encontrar listas destes profissionais on-line.